domingo, 30 de maio de 2010

Estudo independente confirma: o destino do Universo é controlado pela Energia Escura

 "A Energia Escura atua inibindo o crescimento das galáxias"

Há 10 anos o estudo das supernovas tipo Ia distantes originou a descoberta da energia escura 
que é considerada a responsável pela expansão acelerada do Universo. Agora, os cientistas 
confirmam a existência dessa misteriosa e repulsiva força, usando uma linha independente de 
experimentos e medições. 
As novas descobertas fornecem novas e consistentes provas para a teoria geral da relatividade e
stabelecida por Einstein e suportam a idéia que a energia escura é uma propriedade intrínseca e 
imutável do vácuo cósmico. Pela primeira vez, os astrônomos observaram claramente 
os efeitos da energia escura 
nos objetos colapsados mais massivos do Universo (os aglomerados galácticos), usando o 
Observatório Chandra de raios-X da NASA. Rastreando como a energia tem i
mpulsionado o crescimento dos aglomerados galácticos e combinando isto com os estudos
anteriores, os cientistas conseguiram as melhores evidências até o momento do que 
é a energia escura e qual é o real destino do Universo.
MPE/V.Springel
A imagem composta à esquerda é a do aglomerado estelar Abell 85, localizado cerca de 
740 milhões de anos-luz da Terra. A emissão na cor violeta é originada pelo gás 
aquecido a milhões de graus de temperatura que foi detectado pelo observatório de 
raios-X Chandra da NASA. As demais cores mostram as galáxias em uma imagem 
ótica do SDSS – Sloan Digital Sky Survey. A ilustração à direita mostra flagrantes da 
simulação feita por Volker Springel representando o crescimento da estrutura cósmica 
quando o Universo tinha, respectivamente, 0,9, 3,2 e 13,7 bilhões de anos de idade. 
Essa imagem nos mostra como o Universo evoluiu de uma arquitetura suave para um 
estado contendo uma vasta quantidade de estruturas. O crescimento das estruturas 
era inicialmente modelado predominantemente pela força atrativa da gravidade. 
Esta situação mudou há 5,5 bilhões de anos quando a interferência da força 
repulsiva gerada pela energia escura passou a dominar o cenário universal. 
Crédito: NASA/CXC/SAO/A.Vikhlinin et al.; Optical - SDSS; Illustração: 
MPE/V.Springel

Os cientistas julgam que a energia escura é uma força repulsiva que domina 
o Universo atual. A energia escura supostamente trabalharia contra a 
gravidade tentando empurrar a matéria em queda de volta, 
expandindo-a e inibindo o crescimento das galáxias. Segundo disse o 
astrofísico Alexey Vikhlinin, esses novos resultados reforçam mas não 
provam a suspeita de que a energia escura é uma estranha antigravidade 
denominada constante cosmológica, que foi uma hipótese concebida 
e posteriormente abandonada por Albert Einstein, como “um engano”, 
quase um século atrás. Caso isso seja verdade, o Universo está condenado 
a se esvaziar (e inflar) e um dia no futuro (algo como 100 bilhões de anos)
todas as galáxias exceto as vizinhas do grupo local mais próximas da 
Via Láctea desaparecerão da nossa vista, ou seja, ficarão fora do 
Universo Observável“.
O "Universo Observável" depende do ponto de vista do 
observador. A Terra está no centro de uma parte do Universo - aquele que
 podemos ver. Um ser de uma civilização extraterrestre vivendo em uma 
galáxia distante como a M87 iria ver uma parte distinta do Universo, a 
parte centrada nele. Em um Universo com idade estimada em 13,7 bilhões 
de anos nós só podemos ver até uma distância de 13,7 bilhões de 
anos-luz, ou seja, um subconjunto do Universo. Quanto mais longe vemos, 
mais voltamos no tempo. A luz leva 50 milhões de anos para chegar da 
galáxia M87 até nós e então vemos a situação da M87 há 50 milhões de 
anos atrás. O limite observável vai até quando o Universo tinha 300.000 
anos de idade, quando o Universo tornou-se transparente e os fótons 
passaram a fluir.
O "Universo Observável" depende do ponto de vista do observador. A Terra 
está no centro de uma parte do Universo - aquele que podemos ver. Um 
ser de uma civilização extraterrestre vivendo em uma galáxia distante como 
a M87 iria ver uma parte distinta do Universo, a parte centrada nele. Em um 
Universo com idade estimada em 13,7 bilhões de anos nós só podemos ver 
até uma distância de 13,7 bilhões de anos-luz, ou seja, um subconjunto 
do Universo. Quanto mais longe vemos, mais voltamos no tempo. A luz 
leva 50 milhões de anos para chegar da galáxia M87 até nós e então vemos a 
situação da M87 há 50 milhões de anos atrás. O limite observável vai até 
quando o Universo tinha 300.000 anos de idade, quando o Universo 
tornou-se transparente e os fótons passaram a fluir.O astrofísico Alexey 
Vikhlinin e seus colegas do Smithsonian Astrophysical Observatory situado 
em Cambridge, Massachusetts, mapeaeam o comportamento do crescimento 
de um conjunto de aglomerados galácticos ao longo de bilhões de anos. Esses 
aglomerados massivos de poeira e gás cósmico são ligados entre si pela força 
da gravidade. Esse time de cientistas analisou as imagens em raios-X desses 
aglomerados originadas pelo observatório espacial Chandra de raios-X da NASA
e concluiu que o crescimento dessas complexas e gigantescas estruturas galácticas 
tem sido atenuado desde 5,5 bilhões de anos atrás.Esse período de 5,5 bilhões 
de anos é de fato um momento crucial na guerra entre a força repulsiva originada 
pela energia escura e o puxão atrativo gerado pela força gravitacional. Em outras 
palavras o Universo foi inflado de tal forma pela energia escura tornou-se muito 
difícil para a gravidade juntar a matéria dos aglomerados galácticos afastados pela 
força repulsiva. Dessa forma não só os aglomerados galácticos tiveram seus
crescimentos atrofiados como também a formação de novos aglomerados foi
prejudicada e declinou.
contração, expansão linear e expansão acelerada
Os diversos cenários do Universo, da esquerda para a direita: contração, expansão 
linear e expansão acelerada
A cronologia do efeito da energia escura no crescimento dos aglomerados coincide 
com as descobertas feitas através da análise das supernovas distantes que haviam 
mostrado que a expansão do Universo que esteve desacelerada no passado 
remoto passou a se acelerar há 5,5 bilhões de anos atrás. Essas 
são duas fases distintas da história do Universo:
  • A era dominada pela matéria 
  • (a era anterior que findou há 5,5 bilhões de anos)
  • A era dominada pela energia escura (a era atual)
situação há 9 bilhões de anos atrás, há 4 bilhões de anos e hoje.
A guerra das forças - a energia escura vence a gravidade: situação há 9 bilhões de anos 
atrás, há 4 bilhões de anos e hoje.
David Spergel, astrofísico da universidade de Princeton afirmou que a consistência entre 
os resultados obtidos pelas duas técnicas distintas “é um triunfo para a teoria da relatividade 
geral de Einstein”, a qual descreve a força gravitacional como uma propriedade intrínseca 
da geometria do espaço-tempo do Universo. As descobertas fornecem explicações 
alternativas consistentes para a expansão acelerada do Universo e levam os pesquisadores 
da ciência cosmológica um passo a frente no entendimento da energia escura.
Visão do Universo desde o big-bang passando pelo momento atual e a
 visão do futuro
Visão do Universo desde o big-bang passando pelo momento atual e a 
visão do futuro

O que foi estudado pelos cientistas:

Vikhlinin e seus colegas usaram o observatório espacial de raios-X Chandra para avaliar 86  
aglomerados galácticos previamente localizados pelo satélite Rosat (1990-1999). Um dos 
conjuntos consistia de 37 aglomerados galácticos distantes cerca de cinco bilhões 
de anos-luz. O outro grupo continha 49 aglomerados galácticos distantes cerca de 
meio bilhão de anos-luz ou mais próximos. 
Suas massas, determinadas pela extensão das imagens de raios-X e seus espectros, 
variavam do equivalente a 100 trilhões de vezes a massa do Sol até quintilhões de
massas solares.Os resultados mostram que o incremento de massa dos 
aglomerados galácticos ao longo do tempo se alinha com a tese do Universo 
dominado pela energia escura. Torna-se mais difícil para os objetos
massivos como os aglomerados galácticos crescer quando o espaço se estica 
(infla, expande), devido à energia escura. Vikhlinin e sua equipe viram este 
efeito claramente nos dados analisados. 
Os resultados são notavelmente consistentes com aqueles que medem as 
distâncias, revelando que a teoria da relatividade geral se aplica 
perfeitamente, como se esperava, em grandes escalas.
Comparando os dados do estudo aos modelos de evolução cósmica, 
Vikhlinin e equipe constataram que os aglomerados com maior massa 
representam apenas 20% do número que deveria existir, hoje, se não existisse 
a energia escura no Universo. Os aglomerados galácticos “continuam crescendo, mas 
muito devagar”, afirma Vikhlinin.
Os novos resultados sobre os aglomerados, combinados a outras medições 
das supernovas tipo Ia e das microondas cósmicas remanescentes do 
Big Bang, oferecem as mais precisas medições já identificadas quanto 
à energia escura, diz Vikhlinin.
Estes resultados acarretam conseqüências notáveis para a previsão do destino final 
do Universo. Se a energia escura é explicada pela constante cosmológica
a expansão do Universo continuará acelerando, e a Via-Láctea e sua vizinha 
a galáxia de Andrômeda, nunca se fundirão com o aglomerado de Virgem. 
Nesse caso, em aproximadamente cem bilhões de anos, todas as outras galáxias 
desaparecerão da visão de la Vía Láctea (já unida a Andrômeda em uma só mega-galáxia) 
e finalmente, o superaglomerado local de galáxias também se desintegrará.
Os trabalhos de Vikhlinin e seus colegas serão publicados em dois artigos distintos 
no exemplar de 10 de fevereiro de 2009 na revista The Astrophysical Journal
O Centro de Vôo Espacial Marshall da NASA em Huntsville, Alabama, coordena 
o programa Chandra para o Conselho da Missão Científica da NASA em Washington. O 
Observatório Astrofísico Smithsoniano controla as operações científicas e de vôo do 
Chandra a partir de sua base em Cambridge, Massachusetts.

Fontes e referências:

ScienceNow Daily News: Galaxy Clusters Throttled by Dark Energy por Yudhijit 
Bhattacharjee
JD Harrington – Headquarters, Washington – j.d.harrington@nasa.gov
Jennifer Morcone – Marshall Space Flight Center, Huntsville, Ala. –  
Jennifer.J.Morcone@nasa.gov
Megan Watzke – Chandra X-ray Center, Cambridge, Mass. – 
cxcpress@cfa.harvard.edu
Scientific American: Discovering a Dark Universe – A Q&A with Saul Perlmutter.
Dark energy is pushing the universe apart at an ever faster rate. Astrophysicist Saul 
Perlmutter recounts the experimental approaches he took to make that discovery. 
Por David AppellScientific American: Dark Forces at Work. Ten years ago two 
teams discovered that the universe will expand forever at an ever faster rate, thanks t
o an unseen energy. The leader of one of the groups, Saul Perlmutter, expects that new 
observations will soon illuminate the universe’s dark side. Por David Appell
Universe Today: No “Big Rip” in our Future: Chandra Provides Insights Into Dark Energy 
por Nancy Atkinson ArXiv.org: 
Chandra Cluster Cosmology Project III: Cosmological Parameter Constraints
Nature.com Blog: New clues for dark energy
Astro.Iag.Usp: Constante Cosmológica e Energia Escura aula por Ronaldo 
E. de Souza
Astro.Iag.Usp: A Inflação (cósmica) aula por Ronaldo E. de Souza
Astro.Iag.Usp: A relatividade geral e a cosmologia aula por Ronaldo E. de Souza
Astro.Iag.Usp: A expansão do Universo aula por Ronaldo E. de Souza
Astro.Iag.Usp: O Big-Bang – aula por Ronaldo E. de Souza
A linha do tempo desde do Big-Bang
A linha do tempo desde o Big-Bang - representação gráfica da evolução do Universo ao 
longo de13,7 bilhões de anos: à esquerda está representado o momento mais cedo que hoje 
podemos medir, quando um período de “inflação” produziu uma expansão de crescimento 
exponencial no Universo 
(o tamanho está representado pela largura vertical da grade ilustrada no infográfico). Nos 
bilhões de anos seguintes, a expansão o Universo gradualmente reduziu-se através da
atração gravitacional exercida pela matéria sobre si mesma. Mais a frente a expansão 
começou a acelerar-se novamente em decorrência da predominância da energia escura 
atuando sobre a expansão do Universo. A radiação de fundo primordial(CMB) detectada 
pelo WMAP foi emitida cerca de 380.000 anos após a era da inflação quando o Universo 
deixou de ser opaco e tornou-se transparente permitindo que a radiação fluísse livremente. 
A assinatura do Universo primordial, anterior aos 380.000 anos, está presente na CMB 
que fornece o pano de fundo para o desenvolvimento do Universo. 
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