No templo de Denderah, do período do Antigo Egipto, encontram-se um zodíaco (palavra que, em grego, significa “caminho dos animais”) circular e um zodíaco rectangular que oferecem a visão do firmamento desses tempos idos.
Esse alinhamento, consequentemente, confere ao eixo Norte-Sul a correspondência com os signos astrológicos Capricórnio-Câncer, localizando-se o Capricónio à cabeça e o Caranguejo/Escaravelho (“scrab”/”scarab”) aos pés do animal. Todos os doze signos reconhecidos no Ocidente contemporâneo se encontram representados no zodíaco de Denderah.
Para os Egípcios, o firmamento goza de alguma duplicidade. Tanto pode ser representado com uma disposição circular como rectangular e, neste último caso, desdobra-se em dois firmamentos sob a forma alongada típica da deusa do céu, Nut.
Também no zodíaco rectangular, o eixo Capricórnio-Caranguejo toma, em relação ao corpo humano, o sentido de cabeça-pés. As duas Nut, os dois firmamentos que servem de imensas esteiras às estrelas, são percorridas por dois movimentos opostos e complementares. Ambos os movimentos dão-se no sentido inverso ao praticado pela astronomia contemporânea*.
Na metade correspondente ao primeiro semestre do ano (de Aquário a Caranguejo), o curso das constelações dá-se de Caranguejo para Aquário, e dos pés para a cabeça da deusa.
Na metade correspondente ao segundo semestre do ano (de Leão a Capricórnio), tudo caminha de Capricórnio para Leão, portanto, da cabeça para os pés da outra deusa.
Os Egípcios, desde os tempos mais remotos, que buscaram medir a passagem do tempo, e, para tal, começaram por usar um mero eixo ou viga rigorosamente vertical, cuja sombra desenhava um arco à sua volta, em virtude da combinação da luz solar com o movimento de rotação da Terra.
Através de obeliscos (os mais antigos conhecidos datam de cerca de 3.500 a.C.), cujas sombras em movimento funcionavam como uma espécie de relógio solar, puderam dividir o dia nos períodos da manhã e da tarde, e constatar que a altura da sombra ao meio-dia era menor no Inverno e maior no Verão, conforme os dias eram mais curtos ou mais longos, respectivamente. Mais tarde, marcas adicionais ao redor da base do obelisco permitiram fender o tempo em mais subdivisões.
Por volta de 1.500 a.C., inventam o gnomón que divide a parte iluminada do dia em 10 partes, com duas “horas crepusculares” na manhã e à tarde. O mostrador possuía 5 marcas, a espaços desiguais, que eram percorridas pelo ponteiro de sombra no sentido inverso ao do movimento aparente do sol, isto é, de Este para Oeste. À tarde, o dispositivo era deslocado na direcção oposta para medir as “horas” vespertinas.
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b = Sol da manhã; c = Sombra da manhã;
b1 = Sol do meio-dia; c1 = Sombra do meio-dia;
b2 = Sol da tarde; c2 = Sombra da tarde.
Assim, todos os pontos cardeais eram compostos na relação entre a passagem da luz do astro solar ao longo do dia e a projecção da sombra móvel por um eixo vertical sobre a Terra.
Os Egípcios, simultaneamente, usavam a sua mestria na orientação pelos pontos cardeais para fins arquitectónicos. Assim, recorriam ao «merkhet», o instrumento astrológico/astronómico mais antigo que se conhece, para fundar as pirâmides e templos solares orientados de acordo com os pontos cardeais.
Usava-se um par de «merkhets» para estabelecer a linha Norte-Sul (ou meridiano), alinhando-os com a Estrela Polar. Podiam então ser usados para indicar as horas nocturnas, determinando quando certas outras estrelas e constelações cruzavam um dado meridiano do relógio solar (girando em torno da Estrela Polar, no centro).
* NOTA:
A astrologia ocidental baseia-se no sistema tropical e está mais virada para a interpretação psicológica, enquanto que a astrologia oriental (hebraica, hindu) baseia-se no sistema sideral e está mais orientada para a predição de acontecimentos.
por: S.
creditos: Flutuante "Float, crash... Be fluid"









