quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

EUA: imigrantes são usados para justificar um Estado policial

Em nosso artigo 'Elementos para discussão da conjuntura" , de 2002, afirmamos que "Os ataques ao Pentágono e às torres gêmeas só deram o álibi para que os EUA, principalmente, e demais países imperialistas, acelerassem o estabelecimento de um Estado policial fascista expresso na célebre declaração de Bush à moda de Hitler: “Quem não está conosco está contra nós”. Estado policial fascista, instrumento necessário para garantir o aumento da exploração sobre os povos dos países dominados, sobre sua própria classe operária e trabalhadores de todo o mundo." Este processo de "fascistização" está em andamento. Nas palavras de Peter Phillips, no artigo que reproduzimos abaixo, as "(...) alterações recentes na lei norte-americana tornam a realidade de um Estado policial completo nos Estados Unidos incrivelmente mais próxima."





Ameaças de terrorismo e doze milhões de imigrantes “ilegais” estão sendo usados para justificar novas medidas típicas de um Estado policial nos Estados Unidos. Detenções em massa coordenadas, dirigíveis espiões ‘big brother’, centros de detenção expandidos, suspensão do Ato de Posse Comitatus [1] e suspensão do habeas corpus são medidas implementadas recentemente e que estão prontas para serem usadas contra qualquer pessoa nos EUA.




O Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) inundou o México com produtos agrícolas baratos, subsidiados, dos EUA, que arruinaram milhões de produtores rurais mexicanos. Entre 2000 e 2005, o México perdeu 900.000 empregos rurais e 700.000 empregos industriais, resultando num profundo desemprego por todo o país. A pobreza extrema empurrou milhões de trabalhadores mexicanos para o norte, para alimentar suas famílias.



Como efeito do 11 de setembro, o ICE (Immigration Customs Enforcement) tem realizado invasões em locais de trabalho e residências por todo o país na tentativa de capturar imigrantes “ilegais”. O ICE justifica estas diligências com o argumento de manter a segurança de nossa pátria e prevenir o terrorismo. No entanto, o objetivo real destas ações é intimidar a força de trabalho imigrante nos EUA e enquadrá-la num programa não sindicalizado e fortemente regulado de trabalhadores-convidados [N.T. projeto de lei Kennedy-McCain]. Esta política é endossada pelas companhias na busca de trabalhadores permanentes com baixos salários, através de um grupo lobista chamado Essential Worker Immigrations Coalition (EWIC). Os cinqüenta e dois membros deste lobby incluem a Câmara de Comércio dos EUA, Wal-Mart, Marriott, Tyson Foods, American Meat Institute, California Landscape Contractors Association, e a Association of Builders and Contractors.



Um novo programa, estabelecido pelo Departamento de Justiça em cooperação com o Departamento de Segurança Interna (Homeland Security), usa o codinome de Operação Falcon (Federal and Local Cops Organized Nationally). A Operação Falcon empreendeu três detenções em massa, sem precedentes e coordenadas nacionalmente, entre abril de 2005 e outubro de 2006. Mais de 30.000 fugitivos, incluindo imigrantes, foram detidos no maior “arrastão” (dragnet) da história dos EUA. As operações envolveram diretamente mais de 960 agências incluindo o FBI, ICE, IRS, Segurança Interna e outras agências de vigilância federais, estaduais e locais.



Para acomodar as dezenas de milhares de detentos, o Departamento de Segurança Interna, em 2005, celebrou com a Halliburton (N.T. através de sua subsidiária Kellogg, Brown & Root, da qual o vice-presidente Dick Cheney foi diretor) um contrato de contingência de US$385 milhões, para a construção de campos de detenção nos Estados Unidos. De acordo com o site da Halliburton, “O contrato prevê o estabelecimento de unidades de detenção temporária e processamento e a ampliação das operações de detenção e remoção já existentes, realizadas pela ICE (Immigration Customs Enforcement) – na eventualidade de um influxo emergencial de imigrantes para os EUA, ou para apoiar o rápido desenvolvimento de novos programas.”



Outros novos programas do Estado policial incluem um contrato entre o governo dos EUA e a Lockheed-Martin [N.T. uma das maiores companhias norte-americanas de armamentos] para planejar e construir enormes aeronaves não-tripuladas, com dezessete vezes o tamanho do dirigível da Goodyear, equipado com câmeras de alta resolução para espionar a fronteira com o México. As aeronaves são projetadas para flutuarem a 19 mil metros do solo, longe dos aviões e dos sistemas meteorológicos. A câmera de alta resolução irá espionar num círculo de 1000 quilômetros de diâmetro e pode ser enviada para espionar qualquer região dos EUA.



Os programas descritos acima, combinados com duas alterações recentes na lei norte-americana tornam a realidade de um Estado policial completo nos Estados Unidos incrivelmente mais próxima. O Ato das Comissões Militares, assinado em outubro de 2006, suspende o direito de habeas corpus para qualquer pessoa acusada como combatente inimigo pelo Presidente. Pessoas acusadas desta forma podem ser aprisionadas indefinidamente sem direito a advogado ou a julgamento. E o Ato de Autorização de Defesa (Defense Authorization Act) de 2007 permite ao Presidente estacionar tropas em qualquer lugar dos EUA e assumir o controle das unidades da Guarda Nacional do estado sem o consentimento do governador ou das autoridades locais. Ao revisar o bicentenário Ato de Insurreição, a lei na verdade suspende o Ato de Posse Comitatus e dá ao governo dos EUA a autoridade legal para enviar os militares às ruas de qualquer lugar nos Estados Unidos.



Ameaças de terrorismo e imigrantes ilegais estão sendo usados para justificar a implementação de programas do Estado policial. Mas uma vez iniciada, a vigilância pode ser rapidamente dirigida a qualquer grupo de pessoas nos EUA e todos estaremos em perigo. (grifo nosso) Detenções em massa, o ‘big brother’ no céu, e a perda dos direitos civis para todos não podem ser bons sinais para aqueles que acreditamos na democracia, na livre expressão, e no direito de criticamente desafiar nosso governo sem medo de represálias.



por: Prof. Peter Phillips
(Peter Phillips é professor de sociologia na Sonoma State University e Diretor do Project Censored, uma organização de pesquisa de imprensa. Ele é co-editor com Dennis Loo de Impeach the President: The Case Against Bush and Cheney, Seven Stories Press, 2006)
 
 
Notas:

"O Ato de 1878, onde se lê, “Qualquer um, exceto nos casos e sob as circunstâncias expressamente autorizadas pela Constituição ou Ato do Congresso, que utilize intencionalmente qualquer parte do Exército ou da Força Aérea como posse comitatus ou de outra forma para cumprir as leis deve ser exonerado de seu posto ou preso por não mais de dois anos, ou ambos,” é o único estatuto criminal dos EUA que põe fora-da-lei operações militares dirigidas contra o povo norte-americano sob o manto do ‘cumprimento da lei’. Como tal, ele tem sido nossa melhor proteção contra as intenções de usurpação do poder de um (poder) executivo inescrupuloso e negligente, um executivo que planeja usar a força para cumprir suas ordens." (http://www.cecac.org.br/MATERIAS/Bush_lei_marcial_EUA_07.htm)
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=PHI20070501&articleId=5470
Traduzido para o CeCAC por M.H.
Esta página encontra-se em http://www.cecac.org.br/


creditos: CeCAC.org
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