sábado, 29 de maio de 2010

Umbanda

Umbanda é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza elementos vários, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões afro-brasileiras.
Os conceitos aqui relatados podem diferir em alguns tópicos por se tratar de uma visão generalista e enciclopédica. Por se tratar de um conjunto religioso com várias ramificações, as informações aqui expostas buscam informar aos leitores da forma mais abrangente possível e sem discriminação ou preconceitos, pois todas as "Umbandas" têm suas razões de existir e de serem cultuadas.

Estrutura da Umbanda

História e sincretismo

As raízes da Umbanda são difusas. Entretanto, podemos afirmar que ela foi criada em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Antes disso, já havia, de fato, o trabalho de guias (pretos velhos, caboclos, crianças, exus, etc), assim como religiões ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de Umbanda.
Nesta época, não havia liberdade religiosa. Todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais afros eram perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos.
Em 1945, José Álvares Pessoa, dirigente de uma das sete casas de Umbanda fundadas inicialmente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, obteve junto ao Congresso Nacional a legalização da prática da Umbanda.
A partir dai, muitas tendas cujos rituais não seguiam o recomendado pelo fundador da religião, passaram a dizer-se umbandistas, de forma a fugir da perseguição policial. Foi aí que a religião começou a perder seus contornos bem definidos e a misturar-se com outros tipos de manifestações religiosas. De tal forma que hoje a Umbanda genuína é praticada em pouquíssimas casas.
Hoje, existem diversas ramificações onde podemos encontrar influências que utilizam a palavra Umbanda, como as indígenas (Umbanda de Caboclo), as africanas (Umbandomblé, Umbanda traçada) e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a "Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o sincretismo (associação de santos católicos aos orixás africanos) é muito comum.
Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e os seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido.
Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado a cada orixá.
Alguns exemplos:

Os fundamentos

Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:
  • A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum, Zambi;
  • A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
  • O culto aos orixás como manifestações divinas, em que cada orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
  • A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos";
  • O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas;
  • Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro;
  • A crença na imortalidade da alma;
  • A crença na reencarnação e nas leis cármicas;

Um Deus único e superior 

Deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos guias (espíritos desencarnados) seu amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual.

Os Orixás

Os Orixás são Divindades Manifestadas por Deus (Olorum), como suas qualidades Divinas.
Para cada qualidade Divina, há um Orixá, uma individualização de Deus, como sua totalidade original, regendo um aspecto ou Estado na Criação.
Dentro desses Estados da criação, existem elementos e sentidos, nos quais se valem as Leis Divinas.
Essas Leis, imutáveis, são o código Supremo da Vida, que mantém o equilíbrio universal do Universo Manifestado.
Os Poderes Divinos, Orixás, são Mistérios, que se traduzem como Poderes (Infinitos) e em Movimento Constante.

Cada Mistério Divino se manifesta no Universo Manifestado como Símbolos, Elementos, Sentidos, Movimentos e Cores como exemplo:

SENTIDOS:
FÉ- A capacidade de congregar seres dentro de um mesmo espaço sob uma afinidade específica (magnetismo)
AMOR- A capacidade de unir seres em pró de uma causa ou sentimento afim.
CONHECIMENTO- A capacidade de expandir a vida sob um aspécto das Infinitas diretrizes do Código da Vida.
JUSTIÇA- A capacidade de gerir com equilíbrio o Universo Manifestado.
LEI- A capacidade de potencializar de uma maneira correta um ou vários aspectos das Leis Divinas (caráter).
EVOLUÇÃO- A capacidade de transpor ou transmutar um ou vários aspectos dentro da Lei Divina.
GERAÇÃO- A capacidade de criar e multiplicar novos meios de evolução dentro do Universo Manifestado (vida).

ELEMENTOS:

CRISTAL
MINERAL
VEGETAL
FOGO
AR
TERRA
ÁGUA

MOVIMENTOS:
CAMINHOS
PASSAGENS
PASSOS
ETC.

SÍMBOLOS:

Triângulo: Simbolo do Equilíbrio e da Sabedoria
Cruz: Símbolo da Fé e da Evoluçãp
Pentagrama: Símbolo da União dos Quatro Elementos Básicos (fogo, água, terra e ar), criando o tempo, ou elemento cristalino.
Hexagrama: Símbolo da Justiça.
Heptagrama ou Setenário: Símbolo da Sagrada Irradiação Sétupla da Vida
Octagrama: Símbolo da União dos Sete Símbolos Sagrados, gerando o Símbolo Maior.
Círculo: Símbolo da Plenitude. Todos os Símbolos se manifestam dentro dele (Todo).

CORES
Branca: Associada a Fé. Todos os elementos se manifestam dentro dela.
Azul-Clara: Associada a vida. O elemento aquático se manifesta nela.
Azul-Escura: Associado à Lei: O elemento eólico se manifesta nela.
Verde: Associado à Evolução: O elemento vegetal se manifesta nela.
Rosa: Associado ao Amor. O elemento mineral se manifesta nela.
Laranja: Associado à Justiça: O elemento ígneo (fogo) se manifesta nela.
Amarelo. Associado à Lei. O elemento eólico (ar) se manifesta nela.
Vermelho: Associado à Justiça. O elemento ígneo se manifesta nela.
Marrom: Associado à Evolução. O elemento telúrico (terra) se manifesta nela.
Roxo: Associado à Geração. O elemento telúrico se manifesta nela.
Lilás: Associado à Evolução. O elemento telúrico se manifesta nela.
Violeta: Associado à Evolução. O elemento telúrico se manifesta nela.
Magenta: Associado ao Conhecimento. O elemento vegetal se manifesta nela.
Preto: Associado ao Vazio. Nenhum elemento se manifesta nela, pois ela é absorvedora de todas as cores.



Cada Orixá é Regente (Manifestador) ou Guardião (Mantenedor) de um Estado na Criação, e de um (ou vários), símbolos, elementos, movimentos, sentidos e cores.

Associando os Orixás, temos

SENTIDOS

FÉ- OXALÁ (MASCULINO), LOGUNÃ (FEMININO)
AMOR- OXUM (FEMININO), OXUMARÉ (MASCULINO)
CONHECIMENTO- OXÓSSI (MASCULINO), OBÁ (FEMININO)
JUSTIÇA- XANGÔ (MASCULINO), EGUNITÁ (FEMININO)
LEI- OGUM (MASCULINO), IANSÃ (FEMININO)
EVOLUÇÃO- OBALUAIYÊ (MASCULINO), NANÃ BURUQUÊ (FEMININO)
GERAÇÃO- IEMANJÁ (FEMININO), OMULU (MASCULINO

ELEMENTOS E CORES:

OXALÁ- CRISTALINO- BRANCO
LOGUNÃ - TEMPO- AZUL ESCURO

OXUM- MINERAL- ROSA
OXUMARÉ- AQUÁTICO-CRISTALINO- AZUL CLARO

OXÓSSI- VEGETAL- VERDE
OBÁ- VEGETAL-TELÚRICO- MAGENTA

XANGÔ- ÍGNEO (FOGO)- VERMELHO
EGUNITÁ- ÍGNEO (FOGO)- LARANJA

OGUM- EÓLICO (AR)- VERMELHO/AZUL ESCURO
IANSÃ- EÓLICO (AR)- AMARELO/VERMELHO

OBALUAIYÊ- TERRA-ÁGUA- VIOLETA
NANÃ-BURUQUÊ- ÁGUA-TERRA- LILÁS

IEMANJÁ- AQUÁTICO- AZUL CLARO
OMULU: TERRA-ÁGUA- ROXO

PONTOS DE FORÇA DOS ORIXÁS

Cada Orixá, como Regente ou Guardião de um estado na Criação, tem no plano material, locais específicos, chamados PONTOS DE FORÇA, onde seus mistérios divinos fluem com naturalidade, através de Vórtices Especiais, que ligam este plano, às suas REALIDADES DIVINAS.
Estes Pontos de Força podem ser tanto utilizados pelos Umbandistas para consagrações de seus médiuns nos Orixás (AMACI) como para oferenda-los (EBÓS).

OFERENDAS
As oferendas são em sí mesmas Mistérios na Criação, e não podem ser confundidas com o que antigamente se chamava de "comida de santo".
Orixás, como Divindades, não comem, fumam ou bebem. Os elementos depositados em uma oferenda, são na verdade, elos de ligação que fazemos quando oferecemos ao Orixá, pedindo algo para nós ou nossos semelhantes. Eles se utilizam desses elementos para agir diretamente sobre nós no plano material.
Cada Orixá possue elementos próprios (como demonstrado acima), portanto, para suas oferendas, devemos construi-la baseado nas suas afinidades, como exemplo:

FITAS: NAS CORES DOS ORIXÁS
PEMBA: PARA ORIXÁ, SENÃO A BRANCA, DAS CORES DELES.
PANOS: DAS CORES DOS ORIXÁS.

E ETC.

PONTOS DE FORÇA:

Campos Abertos: Ogum, Oxalá, Logunã.
Caminhos: Ogum, Iansã.
Florestas: Oxóssi, Obá.
A beira do mar: Iemanjá, Omulu, Ogum.
Cemitérios: Omulu, Obaluayê, Nanã Buruquê, Iansã.
Na beira de lagos, lagoas: Nanã Buruquê, Oxum.
Na beira de rios, cachoeiras e corredeiras: Oxum, Iansã, Oxumaré.
Nas pedreiras: Xangô, Egunitá.


ORIXÁS NEUTROS

EXU
O Orixá Exu está fora da classificação dos Orixás acima, pois ele é um Orixá Neutro (não possui polaridade), não possue elemento específico, e está localizado "em torno" da criação.
Seu Mistério é o Vazio. Este Vazio a tudo engloba, portanto, tudo que sai da criação, cai no Vazio.
Sua cor primária é o Preto. Porém, ele se utiliza de todas as outras cores, pois guarda todos os pólos negativos dos Orixás.
Seu ponto de força é o lado "de fora" de todos os pontos de força dos Orixás.

Podemos fazer Oferendas para Exu em qualquer ponto de força, desde que seja "fora" dele.

POMBAGIRA
A Orixá Pombagira é uma Orixá neutra, pois não possue elemento específico. Seu estado é o Abismo, e está localizado "dentro" do Universo Manifestado.
Sua cor primária é o Preto, porém ela se utiliza da cor vermelha com frequência.
Seu ponto de força é o lado "de dentro" de todos os pontos de força dos Orixás. Não confundam o "interno" com o lado "de dentro", pois são estados diferentes.
A Orixá Pombagira é o Abismo que existe dentro de cada ser, Infinito, e que pode guardar toda criação dentro de si. Portanto, O universo existe, e tem um lado "de dentro" que guarda si mesmo, ou suas manifestações, como formas conscienciais abstratas.

EXU-MIRIM
O Orixá Exu-Mirim é um Orixá Neutro, pois não possue elemento específico. Na verdade, ele não rege estados, mas um PLANO na criação, que é o plano das Idéias.

Cada Idéia que pensamos flue desse Plano, regido por Exu Mirim. Como ele é regente de alguns mistérios vitais, como dos impulsos e dos atrasos, essa idéia que pensamos, pode ou não amadurecer.
Ele é em si, o Orixá das Intenções.

Daí vem o fato, de quando suas linhas de trabalho se manifestam nos terreiros, ele surge com a aparência de uma criança travessa.

Essas são as idéias. Imprevisíveis, travessas. Podem ter intenções boas ou ruins.

As boas, Exu-Mirim impulsiona e as amadurece, para que evoluam até o Universo Manifestado, e se concretizem. As ruins, Exu-Mirim atrasa e as retarda, para que sejam paralisadas e esquecidas. Se o ser insiste nessa intenção negativa, ele começa a retardar o raciocínio do ser até esgota-lo.
Não devemos, portanto, confundir Exu-Mirim com Exu, pois são Orixás diversos.

Sua cor primária é o PRETO/VERMELHO. Suas velas são as bi-colores.
Seu ponto de força são os campos abertos, por onde as idéias podem fluir sem barreiras.

Sincretismo 

Indígeno, africano, católico, espírita, outras.
A Umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual etc).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a Umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza a diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".

Oculto umbandista

A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos orixás e dos seus guias, que na Umbanda se denominam giras.
O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou Sacerdotisa (pode ser Babá, Zelador, Dirigiente, Diretor(a) de culto, Mestre(a), sempre dependendo da forma escolhida por cada casa). São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do terreiro. São quem coordenam as sessões/giras e que irão incorporar o guia-chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos.
Vale lembrar que o termo pai-de-santo ou mãe-de-santo não deve ser aplicado na religião de Umbanda, pois estes termos são oriundos do Candomblé, que é uma religião diferente da Umbanda.
Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns.
Na Umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade.
Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão "emprestar" seus corpos para os guias e para os orixás.
Há também os atabaqueiros, que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira.
Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas que são encarregadas de atender as entidades, provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos.
Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotisa responsável o comando vibratório do rito, grande importância é dada à cooperação, ao trabalho coletivo de toda a corrente mediúnica.
Segundo a Umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, mineiros, crianças, marinheiros, ciganos, baianos, orientais, xamãs e exus.

As sessões

O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos… As pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e para resolver problemas espirituais diversos.
As ocorrências mais comuns nessas sessões são o "passe" e o descarrego.
No passe, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar.
O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa da pessoa e a transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém elementos dissipadores dessas energias. Também a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para tratamento ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus (um gênero de espírito desencarnado) para auxiliar a desobsessão.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária.
Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade.

Médiuns

Médium é toda pessoa que, segundo a Doutrina Espírita, que tem a capacidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela audiência (ouvir) ou pela psicografia (escrever movido pelos espíritos).
A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os guias e orixás; ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.
Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, segundo os umbandistas, mas sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.
Existe médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de Deus, dos orixás e guias. Ter um comportamento moral e profissional dignos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e regido através de um profundo estudo da religião, e seguido por conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério sua missão, ter muito amor e dar valor ao que fazem, tendo sempre boa-vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida diária.
O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus orixás e guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Sobre o estudo da mediunidade e do médium, pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo, no item "Literatura Umbandista".
Alguns terreiros utilizam-se das obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec), mas a maioria segue as orientações da literatura umbandista que é prolífica nas discussões teóricas e nas orientações práticas. Há livros umbandistas a partir da década de 1930.

Polêmicas dentro das "Umbandas"

- Sacrifício ritual de animais

Existem várias ramificações dentro da Religião de Umbanda entretanto na umbanda não se usa o sacrifício de animais em hipótese alguma.
Esta prática está ligada a algumas linhas que ainda cultuam junto com a umbanda alguns rituais de religiões afro-brasileiras.
Apesar da umbanda ser bastante ramificada, denominamos traçada - alusão ao sincretismo com o candomblé - a umbanda que ainda carrega em seus cultos o sacrifício de animais.
Em suma, qualquer ritual onde se pratica a imolação animal não deve utilizar o nome "Umbanda".

- Uso de bebidas alcoólicas

Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:
  • Os que as entidades incorporadas não usam bebidas (muitas vezes por questão do próprio médium não estar preparado para este tipo de trabalho com bebida) criando uma espécie de tabu;
  • Os que elas bebem durante os trabalhos (tanto os que fazem o uso correto deste elemento, como os que abusam);
  • Os que usam bebida em situações mais veladas (existindo um certo rigor quanto a sua utilização, buscando coibir abusos de médiuns ainda em preparação).
Toda essa controvérsia é gerada pelo uso que as pessoas fazem das bebidas alcoólicas na vida diária, muitas vezes caindo no vício do alcoolismo, trazendo consequências graves para sua vida material e espiritual.
Ocorre que médiuns predispostos ao vício podem, ao invés de atraírem espíritos de luz, afinizarem-se com espíritos de viciados que já morreram - esses espíritos serão obsessores dessa pessoa, uma vez que ela satisfaz seus desejos materialistas. Note-se que o álcool é um elemento usado na magia para trabalhos para o bem; abusos nunca são tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.
Existem casas que, por ordem do mentor espiritual, nunca usaram ou deixaram de utilizar o fumo, assim como a bebida alcoólica, sem que por isso, tivessem qualquer problema com as entidades que, por ventura, utilizavam esses elementos. Afinal, os espíritos podem se adaptar e mudar a forma de trabalhar de acordo com o fundamento de cada instituição.
É importante ressaltar, ainda, que quanto menos o espírito utilizar materiais terrenos melhor. Eles podem trabalhar com elementos bastante etéreos e tão eficazes quanto os fluidos do próprio médium.

Paramentos

Na Umbanda, os médiuns usam normalmente como paramentos apenas roupas brancas, podendo estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade.
Mas há Umbandas que também utilizam roupas com as cores de cada linha. Por exemplo, em giras de Ogum se utiliza camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas.
Nas giras de esquerda as roupas são pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto.
Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de Preta-velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos; isso visa a proporcionar que o médium se pareça mais com a entidade que está incorporando.
Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os Caboclos costumam utilizar cocares, alguns utilizam machadinhas de pedra, chocalhos, etc.
Uma outra visão sobre os paramentos e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.

WikiBOOK - Umbanda
  1. Capa 100%.svg
  2. Introdução 100%.svg
  3. Orixá 100%.svg
  4. Caboclo 100%.svg
  5. Preto-velho 100%.svg
  6. Exú 100%.svg
  7. Pombagira 100%.svg
  8. Conclusão 100%.svg
 
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