terça-feira, 11 de maio de 2010

MODELO ECONÔMICO E SOCIAL BRASILEIRO (pirâmidal)


( O LUGAR DO POVO)
O modelo brasileiro se caracteriza pelo capitalismo dependente, associado e excludente. Os donos do poder conclamam, com certa ingenuidade, que a opção brasileira só pode se dar nos moldes do capitalismo liberal. Isto significa que se privilegia o capital sobre o trabalho. Os detentores do poder econômico conduzirão a política nacional nos interesses do capital que é apropriado em pouquíssimas mãos frente a uma massa imensa de vendedores de sua força de trabalho, leiloada consoante as regras da demanda.
Este capitalismo nacional depende do capitalismo mundial, não tendo projeto próprio. Ele obedece às decisões tomadas pelos países cêntricos do sistema na parte econômica, política, cultural e militar.
Além do mais, trata-se de um capitalismo associado ao capital mundial. Mais de 60% das indústrias grandes e médias ou pertencem ou são controladas pelas transnacionais. A burguesia nacional é associada à burguesia internacional, perseguindo a mesma forma de acumulação.Por fim, trata-se de um capitalismo excludente. O desenvolvimento intencionado e realizado não se orienta a atender às reais necessidades da população, mas aos caprichos dos grupos que detêm o capital e o acumulam de forma privada. O portador do desenvolvimento em moldes capitalistas e o destinatário não são o povo. É operado às custas e, quase sempre, contra os trabalhadores. Por isso é excludente. Nada melhor para comprovar a iniqüidade deste sistema do que considerar a pirâmide da estratificação social brasileira (acima).
O sistema econômico e social favorece diretamente 20% da população. 80%, o povão, forma a classe dominada, combustível para o projeto capitalista caboclo. O povo ocupa o lugar subalterno e marginal. Ele é relegado, em termos sociais, a sub-gente e a não-gente, na expressão de Darcy Ribeiro. 
(Leonardo Boff, em "A fé na periferia do mundo" - Ed. Vozes)
 
 

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